17 de julho de 2011

Resenha, de um jeito diferente: Dom Casmurro: mais uma opinião, em meio a tantas outras sem resposta



Joaquim Maria Machado de Assis, o autor
        Machado de Assis foi um gênio. Esta afirmativa é incontestável, certo?
        Mas, qual será a verdade por de trás de Dom Casmurro, sua mais brilhante obra?
        Alguns afirmam que Capitu traiu Bentinho e que esta mulher obscura sempre esteve guardada naquela menina de Matacavalos.
        Outros, que tudo não passa de loucura da cabeça do narrador.
        Bem, ninguém poderá um dia afirmar o que de fato aconteceu, mas já pararam para pensar que o pequeno Ezequiel não passava de um favor feito por Escobar a Bentinho?
        Sim, um favor. Porque em pleno 1870 não havia métodos contraceptivos como camisinhas ou anticoncepcionais e no capítulo “Um filho” (108) Bentinho afirma querer um herdeiro, e que apesar de tanto tentar não o conseguiu fazer.
        O que a medicina falaria para ele hoje? Sr. Santiago, sinto informar que o senhor é estéril.
        Sim, é claro que não posso provar e nem você que me lê pode provar, mas é claro que o sr. Santiago era estéril e não poderia ter o tal filho que tanto sonhava.
        Com isso o amigo Escobar, que já tinha uma herdeira, emprestou seu sêmen ao óvulo de Capitu e assim nascera Ezequiel, que fora então um favor de um amigo, nada diferente do que os bancos de sêmen atuais.
        Claro que sim, concordo que isso é muito estranho e por isso que é genial. Em meio ao desespero talvez Capitu tenha aceitado a ideia para agradar o esposo, não esperava ela que o garoto seria tão parecido com o amigo.
        Isso afirmo porque Bentinho jura que o menino é muito parecido com o amigo. Não encontro na obra afirmações para provar traição, que aliás seguindo esta linha de raciocínio não houve traição, pois não houve luxúria, paixão e a traição pede isso e não apenas o ato sexual.
        Além de tudo não haveria problema nenhum Bentinho ser chamado de pai por Ezequiel, pois pai é quem cria.
        Tratado isto é necessário também dizer que o texto é fantástico, mesmo feitas algumas mudanças de vocabulário por parte das editoras contemporâneas (o que aliás facilita e muito a leitura), ele é uma perfeita conversa como esta que temos neste blog ou então nas que os consagrados autores e jornalistas têm nas suas colunas de jornal.
        Há também um tema muito atual tratado nas páginas de Dom Casmurro: a homossexualidade, tratada infelizmente com os olhos preconceituosos de um cristão criado há dois séculos atrás: mas para perceber é necessário atentar-se ao contexto.
        A traição também é um tema muito atual, porém não digo a de Dom Casmurro sê-la, pois a meus olhos ela não houve. O que houve foi um favor muito esquisito por parte do amigo.
        No que tange o amor de Bentinho, ele é muito incomum e difícil de ser encontrado, pois é verdadeiro, é vivido e é difícil de ser declarado (e só fora porque Capitu demonstrou o mesmo). Posso afirmar que é verdade.
O amor verdadeiro de Capitu e Bentinho, vivido na infância foi esquecido depois de uma traição não provada
        Porém, o perigo que mora neste amor é a educação e a concepção de mundo do indivíduo, que não pode ser possessivo  como fora Bentinho. É necessário liberdade, algo difícil naqueles tempo.
        Por isso Dom Casmurro é apaixonante: pois guarda um segredo que por cada um é desvendado de uma forma, pois trata de uma sociedade há muitos esquecida, mas que ainda vive, com algumas transformações.


Música - Capitolina (Capitu) – Guarda Vento


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