14 de agosto de 2011

Atualidades: Os novos Pasquins


contexto_histórico
Os novos Pasquins
Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985) o povo sofreu forte repressão e tortura por parte dos militares revolucionários.
A partir do governo de Costa e Silva, mais exatamente no ano de 1968, com a publicação do AI-5 todos os direitos civis foram cassados, inclusive o direito de livre manifestação do pensamento: o governo militar não estava cumprindo tudo aquilo que prometera em trinta e um de março de 1964 com a ascensão de Humberto de Alencar Castelo Branco à presidência da República e por isso o povo ameaçava o regime.
A renovação, a maior força à Igreja Católica, o progresso, o desenvolvimento não estavam sendo cumpridos. Ao contrário disso, a educação brasileira foi aproximada da secretaria de educação do governo estadunidense, este que financiou a ditadura militar no Brasil (atitude esta que ainda hoje é negada por aqueles que fizeram a revolução). Por isso os estudantes brasileiros viram um motivo para enfim protestar: eles já não aguentavam toda a censura e repressão. Nada podia ser feito: a liberdade de expressar o pensamento, o culto, a informação, as ideias fora cassada. E quando os jovens do Brasil se viram impedidos de aprenderem sua história, a filosofia (principalmente as ideias de Marx e Engels, porque os EUA queriam evitar a disseminação da cultura socialista pelo mundo e a ditadura - que tirara Jânio e Jango do poder - no Brasil foi uma forma de evitar isso.) e outras ciências humanas eles foram às ruas, se organizaram, formaram grupos de debate nos bares para derrubar o poder opressivo. Essa revolução dentro da revolução não teria efeito. Os militares só desistiram de manter o poder e passá-lo a um civil em 1985, vinte e um anos depois, quando o poder já era insustentável.
público o que acontece, seja o que for, sem censura, sem juízo de direito, sem senso comum, sem opinião: "a verdade nua e crua".Neste meio tempo, em 26 de junho de 1969 um grupo de jornalistas fundou o jornal "O Pasquim", que ao lado de Chico Buarque de Holanda, Geraldo Vandré, dos tropicalistas (como Caetano Veloso e Gilberto Gil), Roberto Carlos e outros, tinham a função de protestar contra o regime ditatorial, que impedira (em 1968) o jornal O Estado de São Paulo de publicar denúncias e críticas ao regime e por isso algum meio precisava fazer o papel de delator, informar verdadeiramente a população, fazer o papel de imprensa: levar ao Enquanto isso havia quem fizesse um desserviço à população: o jornal Folha de São Paulo publicava somente o que interessava aos militares e nas palavras de Paulo Henrique Amorim em seu site Conversa Afiada "nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores."1, o que demonstra sua ligação com o regime.
O Pasquim passou anos publicando em suas páginas, de forma humorada, críticas ao regime. Notícias - de forma fantasiada - do que acontecia no dia-a-dia. Ele só se encorpou politicamente depois que o AI-5 ganhou força. Antes, além de pequenas denúncias ele falava de coisas fúteis que o regime proibia: drogas, sexo, feminismo, entre outros assuntos.
Por muito tempo, e com muito bom humor o povo brasileiro encontrou nas páginas de jornal, o mais eficiente e popular meio de comunicação da época, uma maneira de manifestar, de conhecer, de quebrar as barreiras impostas pelo regime vigente e buscar força política, representatividade democrática e o fim da opressão. As páginas d’O Pasquim eram convites, junto das músicas e panfletos, para os jovens irem às ruas e protestarem; convites para gritar “ABAIXO À DITADURA” e “DIRETAS JÁ!” e, claro, sofria opressão do regime, mas sempre se manteve forte e conseguia ser impresso.
Ao mesmo tempo em que a ditadura militar acabava no Brasil, não – infelizmente – porque o povo quisera e fora atendido, mas porque ela já era insustentável, o mundo evoluía tecnologicamente. E foi na década de 1990 que os novos jovens ganharam uma ferramenta, uma arma (de grosso calibre, mas que não trabalha com pólvora) – a internet, que hoje armazena as páginas responsáveis pelos debates e expressões daqueles oprimidos pelo sistema vigente em seu país, desde os altos impostos até a contestável soberania de um líder: os bares foram trocados pelas redes sociais (principalmente o Facebook); as páginas de jornal, pelos blogs e as pichações e panfletos pelo microblog Twitter.


1 http://www.conversaafiada.com.br/antigo/?p=23778 – último acesso em 14/06/2011, às 14h30.



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